No abrigo dos tormentos e no fim do precipício,
Uma linda aurora se ergue, mas sem resplendor;
Enfadonha e seca, fita a luz, consumida pela dor.
Seus olhos piscavam, como se fosse um vício.
Suspirava a cada passo, em cada desvio,
Carregando memórias que a faziam sangrar.
Vivia no passado, que fora sempre tão vazio.
Mesmo lúcida, não notava o tempo passar.
Atenta, olhava à paisagem cinzenta,
Viu-se num espelho de névoas partidas,
E num instante, num lampejo, tão lenta,
Esqueceu o motivo de todas as idas.
Perguntava-se, veementemente, o que a afligia.
O que preocupava todo aquele rancor cansado?
Por que o brilho daqueles olhos já estava defasado?
O que será que ela não percebia, mas que o coração sentia?