victoremmanuel

Uma dor esquecida

No abrigo dos tormentos e no fim do precipício,

Uma linda aurora se ergue, mas sem resplendor;

Enfadonha e seca, fita a luz, consumida pela dor.

Seus olhos piscavam, como se fosse um vício.

 

Suspirava a cada passo, em cada desvio,

Carregando memórias que a faziam sangrar.

Vivia no passado, que fora sempre tão vazio.

Mesmo lúcida, não notava o tempo passar.

 

Atenta, olhava à paisagem cinzenta,

Viu-se num espelho de névoas partidas,

E num instante, num lampejo, tão lenta,

Esqueceu o motivo de todas as idas.

 

Perguntava-se, veementemente, o que a afligia.

O que preocupava todo aquele rancor cansado?

Por que o brilho daqueles olhos já estava defasado?

O que será que ela não percebia, mas que o coração sentia?