Lunix.L

Telefone Sem Fio!

Numa aldeia de murmúrios,
Onde palavras voam sem rumo,
Moram velhas e velhos artífices,
Que pintam com cores de fumo.

 

Sussurram segredos ao vento,
Versos de um falante prudente,
Mas o eco distorce o intento,
Transformando o vinho em serpente.

 

No círculo de vozes ociosas,
Espalham histórias, inventos,
Criando um palco de prosas,
Com enredos de \"tormentos\".

 

Telefone sem fio, a corrente,
Cada vez mais longe da verdade,
E a verdade se torna ausente,
Perde-se na infidelidade.

 

Compulsão por contar, deturpar,
Por dar vida ao imaginário,
Afastam-se da realidade,
Num teatro fantasmagórico.

 

A maladia alastra-se e cresce,
Toma os lares, vizinhos também,
A fabulação compulsiva não termina,
Nos laços que unem o além.

 

E assim vivem, dia após dia,
Nas tramas do falar sem freio,
Pelas curvas da duplicidade,
Num eterno e louco enredo.

 

By Lunix.L