Uma nova inquilina chegou neste triste lugar
Moça intensa, difícil de ignorar.
Não muda as cores das paredes antigas,
Mas sua presença logo ali se abriga.
Entrou, sem medo de afetar,
Fez seus vizinhos perceberem que ali iria morar.
Com o tempo, tornou-se mais barulhenta,
E, mesmo mandando-a ir, ela não se ausenta.
Soube ela do morador antigo do lugar...
Era calmo, profundo e gostava de pensar.
Ficou por muito tempo, em paz, sem alarde,
Mas algo o fez fugir, sem nada dizer em uma tarde.
Deixa tudo como estava quando chegou,
As marcas são de uma vida que ali morou.
Vê os pedaços de tudo que se quebrou,
E em silêncio, pensa em tudo que ali se passou.
Nas noites, ela grita e incomoda a vizinha,
Sacode os quadros com toda sua energia.
Mando que parta, mas é de forte vontade,
Permanece teimosa... seu nome é saudade.
Arthur de Mello Noos