Eles vêm —
e vêm com sede.
bocas abertas.
mãos estendidas.
caçam o que resta
do meu jardim,
cortejam minhas flores como se fossem suas.
(roubam o perfume e vão).
eu dou amor
como água nas raízes,
carinho, atenção
pedaços de mim.
quando o jardim floresce
os frutos brotam,
passos se tornam distantes.
vão embora, levam tudo.
eu — fico.
plantação pisada, terra seca.
meus galhos caídos imploram pelo vento
que antes soprava suave —
agora, é mudo.
não peço nada,
só levo o que sobra:
a terra árida,
os sonhos cortados,
e o vazio de quem deu
até secar.