Dessa vez me sufoca.
Esse ar me sufoca.
Esse silêncio me sufoca.
Sua presença me sufoca.
O tórax é comprimido contra chapas.
Permaneço imóvel.
Não consigo vê-la.
Não vejo nem a mim.
É como vácuo.
Não ouso falar.
Já não tenho forças.
Já não sinto o gosto.
Os minutos passam serenos.
Me perco na não necessidade de ação.
É confortável, embora não reconfortante.
É contínuo, embora fomente a tensão no ar.
Essa não sou eu.
Não sei quem é, mas não sou capaz de lutar contra ela.
Não é agradável, mas estou tão cansada...
Permito que fique,
permito que pensem que sou ela:
insossa, sem graça, sem voz, sem alma.
Sei que não deveria,
deveria impor-me ,
pois aqueles são jurados de condenação certa.
Mas, ainda assim, ela fica.
Senta-se
e tenho a impressão que não possui pressa em ir-se.