a boca se punha em estado de carícias
como se posasse para um novo poema
a ser construído em papéis umedecidos
com versos halitados em olor alviverde
de lírios do brejo com folhas de hortelã
a fronteira do beijo, olhos não atingiam
o toque era iminente, os lábios sentiam
na pele rosada e roubada dos pessegais
e dos rápidos frêmitos eriçantes, depois
um hiato, em que a brevidade de perdia
é que a outra boca guardava uma chave
do portal de um paraíso manso e florido
em que o sussurro do córrego de salivas
movia uma roda que dilatava momentos
e até o tempo de ser o que é se esquecia
-- esse poema foi publicado em meu blog pessoal (https://antoniobocadelama.blogspot.com/) em 06/02/25 --