Metamorfose

Inteira

Se eu deixasse as dores caírem
como folhas secas ao vento,
se eu soltasse as amarras
dos caminhos que já não são meus,
seria eu menos do que fui?
Ou talvez mais do que sou?

Se eu largasse as distâncias
que só me afastam de mim,
se eu dissesse adeus ao que pesa,
ao que fere, ao que quebra,
seria eu só fragmento?
Ou enfim inteira?

A vida pede que sigamos,
mas nem todo passo é avanço,
e nem todo fardo é destino.
Se abandonar o que me parte
me faz perder um pedaço,
então talvez esse pedaço
nunca tenha sido meu.