Arthur Mello Noos

Morre sem nascer

 

A aurora sobe o monte com seu vestido colorido

Meus olhos cansados e enganados mente conturbada

Bebo da saudade fria

Um novo dia que será igual

Há tantos passados onde apenas lágrimas rimam

E o que fica é teu cheiro em meus dedos e teu gosto na lembrança

Doces seios em que bebi toda entrega

Releio agora apenas as melhores partes já rasuradas

O gavião que foge das aves menores

A lagarta morre em seu casulo

Fujo de algo que me encontra em uma brincadeira sem graça

Desnudo em mim e com frio

Onde somente teus lábios em amor me emudece

Seja o amor que comigo morre neste dia vazio.

 

Arthur Mello Noos