Eu vi uma sombra sem memória,
Sem passado; sem história,
Com o olhar de escuridão.
E perguntei:
— Quem és tu, ó criatura?
Por que tens essa figura?
Por que tanta solidão?
Ela me disse:
— O azedume me consome!
Nada mata a minha fome...
E, quando gritam o meu nome,
Chamam- me de “ingratidão”.
(Maria do Socorro Domingos)