Se eu pudesse te dizer, diria em silêncio,
pois há verdades que não cabem em palavras,
há mundos inteiros presos no olhar,
ecos de mim que nunca soube expressar.
O outro lado—ah, como mostrá-lo?
Sou sombra e luz no mesmo instante,
sou querer e medo, sou ser errante,
sou tudo o que fui e o que deixei de ser.
Não quero prisões, nem mesmo as doces,
mas às vezes, oh, como quero ficar...
Ser por inteira, sem medo, sem posse,
existir sem precisar me explicar.
E assim me encontro nesse abismo,
entre o querer, o ter e o partir,
navegando sem bússola entre os sentidos,
sendo e não sendo, apenas a existir.