Nos amamos despidos sob a lua.
Tão livres,
Ofegantes,
Meus seios em tuas mãos.
Teus lábios em meu pescoço,
Somos dois corações pagãos.
As folhas de outono enroscadas em meus cabelos.
Somos selvagens,
Jovens sedentos,
Homem e mulher tão imperfeitos,
Com fome eterna um pelo outro,
Nunca estaremos satisfeitos.
Mas lá veio a Inquisição e
Está tudo bem.
Já queimei em outras vidas por você.
Não temo nenhum inferno,
Mas sim ver-te partir e não mais lhe ter.
Mas o ardor,
que agora me consome,
Está na lembrança.
Eis o verdadeiro purgatório:
Ainda há esperança.
De que?
De... que?
De expiar meus pecados,
Em dor,
Suor,
Prazer.
De queimar, mas não no inferno,
Queimar,
me deixar consumir no fogo que é você.
Eis o nosso purgatório.
Tudo o que preciso:
Cinco elementos cruciais
E nos lábios um feitiço.
\'O ar que nos falta,
A água que brota dos nossos corpos,
Seu fogo que traz calor,
Uma dança sobre a terra para lembrar que não estamos mortos.
E nunca morreremos.
Por fim,
O espírito presente no riso.
É o gemido,
O clímax,
Um vislumbre do paraíso.\'
E ainda nos amamos como dois bons pagãos.
Livres,
Luxuriosos,
Queimando de paixão.
Te perseguirei em todas as vidas,
Eis a nossa expiação.