Senta ao meu lado esse silêncio...
Nessa introspecção me deleito, me entrego.
São momentos em que minha tristeza é só minha,
em que vejo para além da curva, a chuva que se aproxima...
Deixo-me ficar nas minhas reflexões, nos meus pesares.
É a minha maneira de estar sozinho, de escrever versos...
Quando vem a noite, me enterneço, me desprendo!
Pelas encostas alguém desce e grita, perturbando-me.
Senta ao meu lado a tristeza que insiste!
Não penso em nada, divago, escuto, sinto o frio,
Frio da noite que chega de mansinho, traiçoeira, persistente.
É hora de enredar-me na minha casa, na minha solidão.
Ela mora comigo, feito companheira, essa solidão.
Sorri, brinca comigo, acompanha meus sonhos,
parece falar comigo, fiel, ensimesmada, dissimulada...
É essencial nas minhas noites de insônia...
Às vezes eu me perco pelas noites, entre livros e filmes.
Outras vezes me deixo ficar na varanda escutando o vento,
nessas ramagens os ventos cantam músicas. Distraio-me.
Quantas vezes sentei-me e fiquei escutando o relógio da sala...
Assim encho as noites, os dias, dispo-me de meus medos!
Diante de tanta inconsistência no mundo, deixo-me levar...
Não tenho medo da morte, não tenho medo da vida.
Só tenho medo do espelho que escancara minha tristeza...