Morno.
Café quente ou frio?
Morno.
Café com ou sem açúcar?
Morno.
A imortalidade é morna.
Imortal?
Mortal?
Qual?
Adoçado demais? Não.
Amargo demais? Passo.
Morno.
Em momentos de distração,
vejo pássaros pela janela.
Esqueço do frio, que me afasta
de minha parte fumegante.
Afundando-me em um banho frio,
esqueço do calor estridente,
que queima m’alma.
Morno.
Entre o gelo que fere
e o fogo que consome,
ali está meu ser.
A sutileza de um abrigo.
Nas tardes mornas,
pássaros voam baixo,
o tempo escorre lento,
e o mundo se cala.
Entre começo e fim,
sou morno.
O grito estridente da escolha
cala-se no conforto do talvez.
Céu de quatro horas,
morno.
Ali descanso. Perturbado.