victoremmanuel

Eu não existo

Eu não existo, mas a existência insiste em me agarrar.

O desespero solene sempre é quem macula meu ser.

As crises da vida, inoportunas, me fazem naufragar,

Num depravado odor de infelicidade, que está a me envolver

 

Respirar tristeza e ódio é tingir meus erros de sombra.

Canto sem amor, uma anedota sobre uma triste flor...

Recito sobre a dor, sem um triz daquele resplendor,

torno-me vil; de coração e alma, cansado e sempre senil.

 

Não existo para viver, vivo porque existo.

Não tiro a vida, pois ela se desfaz de mim.

Não amo o amor, pois já fiz da dor minha morada.

 

Se o apogeu da plenitude acolheu os depravados,

Que reste um canto para o infeliz desolado,

Talvez naquele assoalho gasto, que geme em sua dor…