Eu não existo, mas a existência insiste em me agarrar.
O desespero solene sempre é quem macula meu ser.
As crises da vida, inoportunas, me fazem naufragar,
Num depravado odor de infelicidade, que está a me envolver
Respirar tristeza e ódio é tingir meus erros de sombra.
Canto sem amor, uma anedota sobre uma triste flor...
Recito sobre a dor, sem um triz daquele resplendor,
torno-me vil; de coração e alma, cansado e sempre senil.
Não existo para viver, vivo porque existo.
Não tiro a vida, pois ela se desfaz de mim.
Não amo o amor, pois já fiz da dor minha morada.
Se o apogeu da plenitude acolheu os depravados,
Que reste um canto para o infeliz desolado,
Talvez naquele assoalho gasto, que geme em sua dor…