Arthur Mello Noos

Doce dona da Maia

 

Na primeira vez que nossos caminhos cruzaram

Final de tarde morna de um dia quente

Nossos cães em suas guias visualizaram

Que em breve poderíamos ter um amor eloquente.

 

Nas tardinhas que não lhe via

Repetia nosso mesmo caminho várias vezes

Meu cão já cansado nem puxava a guia

Em meu peito reinava a profunda agonia.

 

No acaso te encontrava pensativa

Enquanto seus pés livres brincavam na grama

Reunia minhas forças e minha mente já em desarmonia

Sem audácia respeitava teu silencio minha bela dama.

 

Sumiste das minhas tardes sem eu saber teu nome

Procuro-te pelas redondezas sem saber o que gritar

Busco por trás de longos cabelos negros teu rosto

Tua ausência diária é dolorida mas não deixo de te amar.

 

Não sinto mais há dias, teu perfume pelas esquinas transitar.

És minha querida musa, mesmo sem saber que és.

Sonho que não cheguei a tocar, mas admito amar

Sempre que acho ter te encontrado, olho primeiro para os pés.

 

Tu não és...tu não és...

 

Arthur Mello Noos