Fabio Dias Canella

METAMORFOSEANDO-ME

No casulo da quarentena, me deixo me levar...

Silêncio mudo.
Desconforto indeciso.
Confusão inquietante,
Que aumenta, impacienta.

O que em mim existe,
Me julga e submete,
Me invade, me alerta,
Me descobre, me aberta!

Consciente ou não, me nego
O que vem de mim,
Que me incomoda, destroça,
Mas não me entrego.

Permito, não permito
Ser quem sou ou de atuar?
Uma surpresa me invade.
Uma luta inesperada!

Uma dor pungente me maltrata.
Me invade a consciência,
Na supremacia do meu ego,
Numa ilusão vivenciada.

Lá de dentro brota um ser,
Que desconheço, que abomino,
Que desvanece os meus sonhos,
Que me deixa em desatino.

Que me alerta, surpreende,
Mas me faz me conhecer,
Que revela o que é real.
Amanhece um novo ser.

Me guerreio, luto-me.
Batalho, renasço.
Descubro-me, troco-me
Por mim mesmo.

Aos poucos vou me sendo,
Nudando-me de quem eu era,
Tornando-se para quem não sei,
Mas melhor que mantivera.

É um impulso que irrompe,
Que me invade, me desmonta,
O que tinha de verdade.
Um homem se apronta

É a vida que me molda.
É a verdade que se forma.
É o que se espera que se vem.
Sou eu um novo que se torna.