Já fui rio, já fui mar,
já fui ar de alguém que precisava respirar,
já fui vento a soprar.
já fui chão, já fui céu,
já fui inferno, já fui réu,
já fui tudo que quis ser, mas não foi meu.
Já fui coadjuvante na história alheia,
já fui atriz principal na peça que eu mesma inventava,
Já fui autora de versos que não rimavam,
já fui a palhaça do circo de uma alvorada.
já fui o embrulho no estomago de alguém que não me suportava
já fui figurante de alguém em dias que não brilhavam.
Já fui amada, já fui ilusão,
já fui amante de uma paixão,
já fui espelho de uma falsa emoção.
já fui iludida e já iludi alguém,
já perdi o chão e fui refém.
Mas sempre encontrei um caminho em toda confusão.
Já fui filha, já fui mãe da minha mãe,
já fui filha do meu pai, já fui mãe do mesmo também,
já fui colo, já precisei de colo, já fui além.
Já fui aluna da vida, já cai,
já aprendi a cair, mas também já não quis seguir,
mas sempre fui alguém em busca de prosseguir.
Já fui feliz, já fui triste,
já fui amor que o tempo insiste.
já amei, já odiei, já gostei, já surtei
e em cada passo, um pouco mais eu errei e acertei.
Mas agora sou o que sempre fui mas não imaginava ser,
Raiz, flor, fruto, doce e azedo
mas que nasce e segue adiante
mas nem sempre com um enredo.
Sou o agora, o sempre, o que persiste,
fiel a mim, em cada verso que insisto.
E sigo, em cada respiro,
sempre tentando pertencer a mim.
E nisso, encontro meu complexo e completo infinito a arte de existir.