Marcelo Veloso

I M I g R A Ç Ã O

O resto que resta do final de uma festa,

dá sinal sinistro do que não presta,

se o intento foi apenas um mudar de rumo.

O peso que pesa quando colocado na mesa,

dá marca da imensa e arriscada proeza,

se o incerto foi, nada mais, que um resumo.

 

Entre o ir e o chegar havia um perigo constante,

que colocava em dúvida o destino ansiado,

pela repugnância velada ao imigrante.

E assim, com o despropósito no trato ao ser humano,

a verborragia tão desvairada e mesquinha,

encerra-se em decisões estapafúrdias e cheias de engano.

 

Importa relembrar histórias antigas, quase como um ritual,

de como toda nação foi construída e estruturada,

sendo o migrante, o personagem principal.

E, se as idas e vindas, tem um amargo limite,

o improvável sugere cautela aos anti-migrantes,

pois, talvez, poderão receber o mesmo convite.

 

E esse tipo que topa o tapa na cara,

enverga sem o medo da surra de vara,

se faz de imponente, sem qualquer regramento.

A sanha que assanha ao redor do tirano,

enche a teia de vagabundos e insanos,

num congregado hediondo e sanguinolento.

 

A ilegalidade é um prato cheio para o potentado,

que na sua decisão indigesta, vai ao delírio,

tendo o argumento mais escabroso e acanalhado.

Ao atacar o desprovido de segurança sócio-espacial,

não mede, nenhum pouco, as conseqüências,

e considera qualquer imigrante com um ser marginal.

 

A intolerância é como um fio desencapado,

e não deixa que nada saia do radar da detonação,

fazendo do preconceito um ato brutal e enojado.

Acaba todo o senso de respeito ao semelhante,

investindo numa mentira sádica e vesana,

para se combater e refugar, sem dó, o imigrante.

 

O gosto que gasta no fim de um qualquer a’gosto,

marca o tempo de um acentuado desgosto,

se o furacão, incessável, não acabar com tudo.

A peça que impeça de não cometer abuso,

deve servir, ser eficaz e de muito bom uso,

para que a migração não se torne um burlesco escudo.

 

E, para aqueles que aplaudem o desatino,

não se deve esquecer do risco do “dia seguinte”,

pois poderá ser, em breve, o seu provável destino.

E, na esparrela da imbecilidade dita patriótica,

não zangue se, a qualquer momento, sofrer repulsa,

achando que a antipatia é só uma ilusão de ótica.

 

Saiba que no topo da pirâmide há um grave indicativo,

de que o estrato social é apenas um gráfico,

onde as classes fazem parte do passivo.

E é nesse topo infestado de parasitas degradantes,

que se comete a pior e mais asquerosa atrocidade,

uma perseguição, vexatória e implacável, aos imigrantes.