O tempo, esse artesão de destinos,
desenha linhas que não vemos,
molda corações em silêncio,
trançando histórias em fios finos.
Eram dois, distantes em suas jornadas,
carregando nas mãos os cacos do que foi,
lembranças de amores que se desataram,
cicatrizes que o passado lhes impôs.
Caminharam por desertos de desencontros,
bebendo a sede amarga do quase,
e na solitude que o amor deixa,
reconheceram o peso de suas fases.
Mas o tempo, com sua astúcia secreta,
preparava o palco sem que soubessem,
afastando-os, moldando-os, lapidando,
até que o acaso os trouxesse.
E ali estavam, frente a frente,
dois mapas marcados por batalhas antigas,
olhos que carregavam tempestades vencidas,
mãos que aprenderam a ser mais pacientes.
\"Será que os passos que demos longe,
não foram ensaios para este momento?
Que os amores que se perderam no horizonte
não foram professores do sentimento?\"
\"Talvez o tempo não seja inimigo,
mas um mestre que nos ensina a esperar,
talvez cada dor nos tenha unido,
como se tudo conspirasse para nos encontrar.\"
E assim, entre sorrisos e hesitações,
perceberam que o acaso não é tão casual,
pois o tempo os fez, com suas mãos,
dois pedaços de um mesmo final.
E o amor que nasceu daquele encontro,
não era perfeito, mas era inteiro,
pois trazia no peito o peso do passado
e a leveza de um futuro verdadeiro.