Novembro

reduzido ao infinito

ando confuso ultimamente

falo da superfície de minha pele

daqui posso ver incógnito o narciso

parece quieto-mudo-meditativo

ele não sabe o que dizer

mas eu sei?

somos irmãos em forma de vida

expectadores atônitos do fluxo temporal

é mais ou menos assim:

a coisa aparece frente a meus olhos e grito

mas grito sem som, por olhos arregalados

assim faz o narciso o tempo todo

escuta-se por intuição ou afinidade

resolvi dar ouvidos esses dias

o sol me bateu na cara e chiou claro

desde então vejo o narciso e o compreendo

calado, só sei refletir seu rosto

ante a eterna mudança invisível de tudo