a solidão é um imenso quarto escuro
com uma cama feita pra desilusão
travesseiros de duras penas de agonia
fantasias que se perdem entre um cobertor
a solidão é um frio quarto escuro
na cabeceira um criado mudo de reclamações
no guarda roupas não existe uma Nárnia
a alma é um tapete velho que acumula a dor
tanta preguiça que não deixa o sol entrar
a cada espreguiçar de um desejo só
magoa que mancha o branco do lençol
escorre pelo piso e se embrulha entre tanto pó
as cortinas que se fecham para o mundo
esconde essa janela em meio a parede
e a porta entre chaves trancam a tristeza
de uma tal maneira que remete a sede
bebendo esse escuro em silencio
perdido observando o teto sufocar
cada gesto preso em um corpo imóvel
querendo apenas por um tempo respirar
um novo ar
um novo ar
(Flavio Eduardo Palhari)