Lemos de Sousa

Monólogo de um anjo torto ( ... )

 

Minhas asas,

minhas duas

negras asas

( ... ) Sangrarei

sem o céu 

tocá-las?

( ... ) Sete vezes

seu bater

Deixarei 

pela estrada

–Sem que o ouçam –

e pela alva

Sem caírem 

como lágrimas!

Minhas asas,

minhas, duas,

Irmanadas

– Se abriram 

debatidas 

Pelo assombro

das palavras?

Choraria

nas florestas

Pelos bosques

pé de serras,

Pelas frias

madrugadas

Por tê-las,

minhas asas,

Entre estrelas 

colocadas! ( ... )