No vazio do silêncio,
me encontro por uma brecha no espelho.
Mas não reconheço mais quem está lá.
Ouço uma melodia que já fez sentido,
mas agora soa como um poço de dor.
As palavras, outrora vivas,
se perderam em um eco vazio.
É como estar preso
em um pesadelo sem fim,
onde o tempo se curva,
e o despertar nunca chega.
Acreditar em dias melhores
é o sustento da minha alma,
exausta e atravessada por tanta dor.
Mas a dor já não me incomoda,
e a solidão já não me assusta.
Talvez eu não seja mais quem fui,
ou talvez, enfim,
eu seja quem sempre precisei ser.
Francisco Monteiro.