Eu sofro ainda tentando rimar com a dor
Com ardor
Pois o meu corpo ferve pelo teu amor
Mas que amor?
Nem sequer a cor se deu
E o amor rima com a dor
Mas o meu não rima com o teu
Ou rima, porque doeu
Por isso o poeta tenta esquecer o que escreveu
Sufocar o que sentiu
Tenta inventar mais um sentimento vil
É como rimar um café e um bom livro, numa melancólica manhã de abril
Penso ver o mesmo sol que você pela manhã
Penso chorar pela minha mente totalmente sã
Penso beijar tua boca com gosto de hortelã
E me poupar as lágrimas que molham meu divã
Pensei no final o anoitecer só de nós dois
Pensei sorrir e deixar a loucura pra depois
Pensei, exatamente como eu fiz
Pensei fazer tudo
Só não pensei fingir ser feliz
Não funcionaría
Perderia a magia
Porque mesmo assim tão vazia
A história de nós dois ainda me parece poesia
Inconscientemente me fez sentir alegria
Duvidar do que eu via
Me fez sonhar em plena luz do dia
E acreditar
Que eu e você, um dia, rimaria.