joaquim cesario de mello

PARADOXO DO AMOR

 

Nenhum homem me ama

Talvez meu pai

Mas este morreu

Quando eu era menino

 

As mulheres que eu amo

Não são iguais

Ou sou eu que amo diferente

Tudo aquilo que me é divergente

 

Dizem que se ama com o coração

Mas coração é um músculo oco

Do tamanho de uma mão fechada

Que se contrai e depois se dilata

 

Quem em mim ama é minha alma

Esse vácuo onde me hospedo

Que tem farta fome de imensidade

E que é bem maior do que eu sou

 

Não sei se amasse pela esquerda

Se seria mais certo ou menos duvidoso

Mas o único sentido e direção do amor

É seguir para onde está o objeto amoroso

 

Ontem minha esposa me disse

Que quando quero eu sou perfeito

Mas se fosse perfeito não haveria espaço

Para lhe amar com este meu imperfeito amor