Risos, sorrisos, riscos, arrisco
Eu, à risca, tornar-te rico.
Riquíssimo em saber a dor,
Torpor, choror, rancor, mortor
Da seiva, da selva - de pedra,
Da lágrima que cai, queda, seca-se,
Da gota que sua, voa, evapora-se.
Transpiramos ao luar,
Dançamos ao solar.
Trancamos nossas portas
Rezando para ninguém nos acertar.
Bebemos nosso café
De dia para chorar,
De noite para trabalhar,
Aceitando tudo sem reclamar:
\"Se reclamares, será pior\" - dizem eles.
\"Guarde tuas reclamações para amanhã pois
Há de ser melhor.\" - insistem eles.
\"Amanhã não estarei vivo para reclamar\", eu penso.
Penso, penso, e, logo, logo, já não mais existo.
Evaporo e fundo-me às
inconsistentes micropartículas de ar.
Já não há motivo para lutar.
Para onde foi meu luar?
Eis que desço, desço,
Corro e me afundo
Num mar tempestuoso,
Num abismo - dos mais profundos!
Apresso-me em direção ao vento.
Quero tornar-me em nada!
Pois que do nada, nada vem.
Pois então venha,
nade contra a correnteza.
Atraia-me para o sol,
Acenda a fogueira e
Prepare aquele nosso café gostoso
- aquele que só você faz.
Que os ventos do nada
Para aqui mandem esse cheiro.
Que a forte tormenta não
Apague esse teu fogo em lenha.
A tempestade passou.
Minha hora chegou.
Já não há motivos para chorar.
Enfim, achei meu solar!
À selva de pedra hei de retornar.
Brandirei minha espada,
Meu terço
E terçado - até que volte a suar.