Prato no canto da mesa me remete
À estrutura do teu corpo e também a um
Omelete.
Ambos muito deliciosos, diga-se de passagem.
Lembrei de você e também das nossas viagens.
Falando em ovo, igual à gema, eu estava derretido, apaixonado,
Louco, estragado, emocionado, perturbado.
Junto do omelete, eu tomo café.
E, lembrando de você, vejo o quanto testou a minha fé.
Me fez andar tanto por ti que, três meses depois, ainda sinto dor no pé.
Não tomo café preto, prefiro café com leite.
E, na nossa brincadeira, eu era desse tipo.
No seu quarto, eu seria só mais um enfeite.
No meu, você seria a descrição de um sonho vivido.
Mas, infelizmente, igual ao café, o omelete e a manhã tudo acaba.
E, no final, é triste saber que é você quem se gaba.
Quem ri, quem zoa, quem brinca,
Me impressiona o quão você é cínica.
Agradeço pelo café, por não me trair.
Diferente de você, ele me faz feliz, satisfeito, orgulhoso e até sorrir.
Fico indeciso entre o pão normal e o integral.
Enquanto um é mais saudável, o outro me faz mal.
Sou cobrado por escolher o pior, com a saúde mental.
Pelo menos o ovo fica gostoso com ambos.
Infelizmente, percebi tarde que não teve briga entre nossos santos.
Já não sei mais como tudo isso começou.
Só lembro que, tudo num canto, essa memória do omelete despertou.
Junto dela, uma fome bate, bate bem forte.
Mas hoje eu percebo que estou meio sem sorte.
Então, essa fome acaba com um só corte.