Escrevo versos de um amor que não é meu,
Roubo dos ventos murmúrios que não vivi.
Em cada nota de música que ouvi,
Há promessas que o destino nunca concedeu.
Sento-me à sombra de histórias alheias,
Amores pintados em palavras de cetim.
Cada rima que brota é um jardim,
Mas as flores não crescem nas minhas areias.
O amor, esse mistério tão distante,
Brilha nos olhos de quem o encontrou.
Eu, mero observador, me torno errante,
Cantando o que nunca em minha pele tocou.
Cada dia, uma busca na vastidão,
Um desejo escondido na poeira do mundo.
Será o amor verdadeiro um mito profundo,
Ou é só o eco vazio do meu coração?
Ainda assim, escrevo, pois é o que resta,
Versos moldados do que vejo ao redor.
Sou poeta do amor que em mim não se manifesta,
E mesmo sem tê-lo, sinto sua dor.