Minha psicóloga disse, um dia,
que eu morro aos poucos,
silenciosamente,
quando permaneço onde dói,
quando me prendo às escolhas
que ontem foram sonhos,
mas hoje são grilhões.
Morro um pouco, ela disse,
quando habito o passado,
nas feridas que não cicatrizam,
nas dores que fiz minha morada,
nos ecos das decisões
que não sei esquecer.
E percebo, agora,
que morrer assim é escolha,
um consentimento sutil,
um ceder ao peso do ontem.
Mas, talvez, viver também seja escolha,
um salto no escuro,
um partir do lugar que me fere
para algo que me cure.
Então, hoje, pergunto ao espelho:
se estou morrendo,
o que me impede de renascer?