José Vagner

ETERNO LAR

Murcharam no jardim os girassóis 

As tulipas se despedaçaram 

As rosas que você cuidava 

Sentindo a sua falta desmaiaram 

O vento que antes soprava seus cabelos 

Agora passa soluçando 

E as flores que morreram ele foi carregando 

Até o próprio vento entende a minha solidão 

E a viuves do meu consternado coração 

 

Lembro daquele sabiá que ao romper a madrugada 

Vinha para a janela ti dar a alegre saudação 

Ao perceber que a nossa simples casa está abandonada 

Ele morreu agonizando sua última canção 

As próprias cigarras barulhentas

Agora sentem por aquele lugar um grande pavor 

Não vejo mais aquelas borboletas multicores 

Pois não há mais quem cuide das flores 

 

Estou agora igual um \"irerê descasalado\"

Contemplando nosso rancho abandonado

Tentando suportar a minha mágoa 

Meus olhos transbordam tão rasos d\'água 

 

E agora que seu último e eterno lar

É um campo santo 

Não ouvirás a agonia do meu pranto 

São poemas amorosos, sinceros poemas

Que compreensão?

Você não poderá compreender nunca mais