Se Emily Dickinson me visse,
A amar em silêncio,
Seria com um sorriso sutil,
Reconhecendo em mim o mesmo segredo
Que ela guardou, com tanto amor,
E com tanto medo de mostrar.
Ela, que escondeu seu coração
Nos versos, entre os véus de palavras,
Nos ensinou que o amor,
Mesmo oculto, floresce em palavras não ditas,
Que os poemas, mesmo os mais secretos,
Têm um jeito de brilhar.
Eu, então, guardo os meus,
Em minha alma, como quem guarda um tesouro
E sei que eles não pertencem a ninguém,
Mas a mim, que sou a fonte
E o silêncio ao mesmo tempo.
Mas se cito Dickinson,
Será que meus versos também não merecem
Ser lidos por quem se perde neles?
Talvez eles precisem de alguém,
Como ela precisou,
Para tornar o amor visível
Mesmo quando ele permanece em segredo.
E, ainda assim, o mistério segue
Guardado no fundo do peito,
Onde cada palavra não dita
É uma chama que nunca se apaga.