O olhar desta criança
Puramente de esperança
Se contagia por um medo
De assumir a liderança
Sem histórias bonitas, de Julieta e Romeu
Esse anseio que a persegue
Essa noite, esse breu
Não cabe a ela, a segurança
De curar o que morreu
Num sopro de escolha, o abismo à espreita,
Um mundo que chama, mas não respeita
Há cinzas no ar, promessas sem cor
O peso de um vício
A roubar o seu valor
Pueril infância, sem ego, sem ganância
De alguém que sabe que venceu
Todo desprezo e discordância
Que cada um lhe prometeu
Músculos firmes, curvas e tabaco,
Não blindam a alma, nem curam o buraco
Essa criança, tão frágil, sou eu
Refletida no tempo:
Espelho, espelho meu
- D. Göss