Metamorfose

O Peso do InominĂ¡vel

Entre o nome e o vazio, me perco,

na vastidão do sentir sem rótulo,

um mar que não se limita à borda,

que flui, sem começo, sem fim.

 

Não nomeio a dor, para não vivê-la,

prefiro o silêncio das palavras ausentes,

pois elas, ao serem ditas, reacendem

o fogo do que já deveria ser cinza.

 

Sinto apenas, sem saber de onde vem,

sem destino certo, sem moldura ou chão.

Será que assim me salvo da queda?

Ou apenas me deixo consumir pela imensidão?

 

Há uma liberdade em não saber,

um universo no não definir,

mas o peso do infinito me cerca,

e o alívio é também tormento.

 

Talvez seja na aceitação que respiro,

não no nome, nem na ausência dele,

mas no abraço ao sentir que é tudo,

que me salva, mesmo quando me consome.