Marcelo Veloso

DES’INFORMA‘ÇÃO

A desinformação é duvidosa,

divide, induz, nadifica e silencia,

faz a consciência ficar morosa,

engessada, oclusa e muita fria.

Quando o difundir ganha um ileal acento,

se enche de infecção e rejeito,

o universo se torna um excremento,

emburrecido com o altear do preconceito.

 

E, para uma concordância perfeita,

mesmo que a retórica não esvazie o entendimento,

é necessária que a mentira digital seja desfeita,

pelo bem da informação e do conhecimento.

Que a necedade não se torne uma vitrine,

para a condução do malefício e do ódio,

e que a falsidade não dissemine,

e nem se fixe no topo do pódio.

 

A inteligência não deve ser um artifício mental,

nem o cérebro um adereço de gaiola,

para que não haja um cárcere virtual,

transformando o livre-arbítrio numa esmola.

O fato é um bem a ser consumido,

diferente da intrujice e da balela,

e quando o barbarismo se sente permitido,

o respeito e a paz deteriora, acaba, cancela.

 

Ainda que a “meta” seja dessisa,

não faça do “x” um aceite,

o esgoto da indiferença causa ojeriza,

não torne a aversão em deleite.

A cólera e o ódio são artimanhas,

frutos de uma intolerância ardilosa,

que rabiscadas em notícias patranhas,

pode virar uma contrafação perigosa.

 

E que, acima do fato controverso,

recebido sem o devido confirmar,

não faça um julgamento infame e perverso,

e muito menos, se deixe contaminar.

A farsa não deve ser expressão de liberdade,

nem o aceitar uma vitória da arrogância,

que, acima de tudo, vença a dignidade,

sem regalia, egoísmo, inveja e ganância.