Vou deixar aquela vida de lado
o corre-corre do passo acelerado
o sentimento de estar sempre atrasado
a insensatez dos afetos descuidados
o respirar afobado dos afogados
os desvaneios frenéticos dos angustiados
o laborar macambúzio dos abandonados
e a sofreguidão desenfreada dos entediados
Vou deixar aquela vida de lado
passar para o outro lado do lado de cá
andar assoviando e olhando os pássaros
sentindo a brisa abafada de um final de tarde
ouvindo o silêncio adormecido do céu
curtindo as sombras generosa das árvores
apalpando o sabor de cada oxigênio respirado
e provando o moer do tempo no interior da carne
Vou deixar aquela vida de lado
e levar dela algumas sobras no interior da memória