Sezar Kosta

O AMOR INVISÍVEL

O amor não é um som que ecoa,

mas o silêncio que preenche os vazios.

Ele dança nas frestas do tempo,

como luz que acaricia a água

sem jamais se molhar.

 

Não há forma que o defina,

nem nome que o aprisione.

O amor escapa como o vento,

tocando sem deixar marcas na pele,

mas abrindo caminhos no coração.

 

Ele é o perfume de uma manhã que nunca volta,

o gosto agridoce da saudade

que repousa na ponta da língua.

É o arrepio que nasce no toque,

mas também o vazio que grita

quando o toque não vem.

 

Nos gestos mais simples, ele se revela:

no café esquecido sobre a mesa,

no riso entrecortado pela dor,

no abraço que pede perdão

sem sequer precisar de palavras.

 

Mas o amor também tem seu peso,

como o vento que balança as árvores.

Ele pode ser brisa,

mas às vezes é tempestade,

arrancando galhos inteiros

e deixando cicatrizes.

 

Ainda assim, ele retorna,

como a água que lava,

o fogo que aquece,

o céu que acolhe.

 

O amor não é uma linha reta,

mas um rio que se perde no infinito,

sem pressa, sem destino.

Ele não é imensurável porque não tenha fim,

mas porque transcende o tempo:

é começo e fim,

semente e fruto.

 

O amor é a única força

que existe sem ser vista,

que toca sem tocar,

e que deixa marcas

onde jamais houve vestígios.

 

Ele não vive no que é dito,

mas no que se sente,

no que transforma,

no que permanece.