O amor não é um som que ecoa,
mas o silêncio que preenche os vazios.
Ele dança nas frestas do tempo,
como luz que acaricia a água
sem jamais se molhar.
Não há forma que o defina,
nem nome que o aprisione.
O amor escapa como o vento,
tocando sem deixar marcas na pele,
mas abrindo caminhos no coração.
Ele é o perfume de uma manhã que nunca volta,
o gosto agridoce da saudade
que repousa na ponta da língua.
É o arrepio que nasce no toque,
mas também o vazio que grita
quando o toque não vem.
Nos gestos mais simples, ele se revela:
no café esquecido sobre a mesa,
no riso entrecortado pela dor,
no abraço que pede perdão
sem sequer precisar de palavras.
Mas o amor também tem seu peso,
como o vento que balança as árvores.
Ele pode ser brisa,
mas às vezes é tempestade,
arrancando galhos inteiros
e deixando cicatrizes.
Ainda assim, ele retorna,
como a água que lava,
o fogo que aquece,
o céu que acolhe.
O amor não é uma linha reta,
mas um rio que se perde no infinito,
sem pressa, sem destino.
Ele não é imensurável porque não tenha fim,
mas porque transcende o tempo:
é começo e fim,
semente e fruto.
O amor é a única força
que existe sem ser vista,
que toca sem tocar,
e que deixa marcas
onde jamais houve vestígios.
Ele não vive no que é dito,
mas no que se sente,
no que transforma,
no que permanece.