Às vezes, olhamos a vida
como quem tenta decifrar um céu nublado —
as sombras pesam mais que a luz,
e as perdas se acumulam como cinzas
de um fogo que jamais se extingue.
No silêncio das noites mais longas,
ouvimos o eco das nossas falhas,
mas, se escutarmos com o coração,
há algo que atravessa a escuridão:
o calor de um toque que não se apaga,
o rastro de um sorriso
que ilumina até o vazio.
A vida não é uma soma de dias,
nem um cálculo das dores que nos moldaram.
Ela é feita de instantes que brilham,
como estrelas em um céu sem fim —
um olhar que fala mais que palavras,
um gesto que refaz o que está quebrado.
A dor, por mais funda,
é apenas uma sombra diante da luz do amor.
Porque o amor não é apenas uma resposta:
ele é o chão que nos sustenta
quando tudo se desfaz.
Cada ferida, cada lágrima,
é uma linha na história que somos.
E o amor, como um fio dourado,
costura as partes que não entendemos,
dando sentido ao que parecia perdido.
E quando olhamos para trás,
vemos que as perdas não foram o bastante
para apagar o que construímos.
Porque, no fim, não são as dores que contam,
mas o amor que deixamos,
o amor que recebemos,
e o amor que permanece.
Se fosse preciso,
viveríamos tudo de novo,
cada erro, cada queda.
Porque, no final,
o amor é sempre mais forte.
E mesmo no vazio,
ele enche a alma.
Ele sempre enche.