Sezar Kosta

O AMOR QUE ILUMINA ATÉ O VAZIO

Às vezes, olhamos a vida

como quem tenta decifrar um céu nublado —

as sombras pesam mais que a luz,

e as perdas se acumulam como cinzas

de um fogo que jamais se extingue.

 

No silêncio das noites mais longas,

ouvimos o eco das nossas falhas,

mas, se escutarmos com o coração,

há algo que atravessa a escuridão:

o calor de um toque que não se apaga,

o rastro de um sorriso

que ilumina até o vazio.

 

A vida não é uma soma de dias,

nem um cálculo das dores que nos moldaram.

Ela é feita de instantes que brilham,

como estrelas em um céu sem fim —

um olhar que fala mais que palavras,

um gesto que refaz o que está quebrado.

 

A dor, por mais funda,

é apenas uma sombra diante da luz do amor.

Porque o amor não é apenas uma resposta:

ele é o chão que nos sustenta

quando tudo se desfaz.

 

Cada ferida, cada lágrima,

é uma linha na história que somos.

E o amor, como um fio dourado,

costura as partes que não entendemos,

dando sentido ao que parecia perdido.

 

E quando olhamos para trás,

vemos que as perdas não foram o bastante

para apagar o que construímos.

Porque, no fim, não são as dores que contam,

mas o amor que deixamos,

o amor que recebemos,

e o amor que permanece.

 

Se fosse preciso,

viveríamos tudo de novo,

cada erro, cada queda.

Porque, no final,

o amor é sempre mais forte.

E mesmo no vazio,

ele enche a alma.

Ele sempre enche.