Houve um tempo em que o amor era apenas um sussurro,
uma casa vazia onde ecos se perdiam,
um rio que corria em margens invisíveis,
longe do mundo, longe de mim.
Era um enigma sem chave,
uma brasa tímida, temendo virar chama.
Aprendi o amor nas mãos que sustentavam vidas,
nos sorrisos que duravam mais que palavras,
nos gestos que meus pais desenhavam como poesia cotidiana:
um prato dividido, uma dança sob a luz amarelada,
um abraço que não pedia razões.
Ali, sem perceber, o amor me ensinava sua língua silenciosa.
Mas em mim, ele se escondia.
Era um pássaro preso entre as costelas,
batendo asas contra o medo,
procurando a fresta de um céu imaginado.
Eu o guardava, não por falta de querer,
mas porque amar é lançar-se ao vazio
e confiar que o vento sustentará a queda.
Então, você chegou.
E o que era silêncio tornou-se melodia,
o que era enigma transformou-se em história.
Esse amor, que antes era sombra,
ganhou corpo em cada gesto:
no toque que sussurra cuidado,
no olhar que traduz o indizível,
na presença que afirma: \"Eu estou aqui.\"
Amar é abrir as janelas ao amanhecer,
deixar o sol invadir sem temer a claridade.
É aquecer-se em um dia frio,
sabendo que o calor é fugaz,
mas ainda assim, vale cada instante.
O amor não é perfeito, nunca foi.
É feito de dúvidas que desafiam a coragem,
de tempestades que testam o barco,
mas também de calmarias que renovam a alma.
Ele é a semente que floresce no improvável,
a força que persiste, mesmo quando dói.
Hoje, entrego este amor a você,
não como algo terminado,
mas como um começo.
É o amor que amanhece em mim,
iluminando o que antes era sombra.
Que ele seja para você o que para mim já é:
vida, calor e o infinito traduzido no agora.