Metamorfose

Quem Dera

Quem dera, oh vida, ser livre da dor,

Ser brisa suave, um eterno calor.

Se os passos no tempo fossem sempre gentis,

E as lágrimas, meros rumores sutis.

 

Quem dera se o amar fosse pura bonança,

Um campo de flores, eterna esperança.

Se o sonho acordasse em real esplendor,

E o medo cedesse ao mais puro amor.

 

Se as metas, ao longe, fossem logo alcançadas,

As pedras do caminho, já não encontradas.

Se o viver fosse digno, tão pleno e sincero,

Um abraço do mundo, um canto que espero.

 

Mas a vida, caprichosa, nos quer ensinar,

Que na dor há lições, há forças a achar.

Que na busca incessante, o viver se constrói,

E é na luta que o espírito jamais se destrói.

 

Quem dera, mas talvez, não fosse tão belo,

Pois é no imperfeito que achamos o elo.

Se o sonho persiste e o coração ainda crê,

A vida se faz em quem ousa viver.