Morri!
Várias vezes esse ano
Morri de rir!
A controlar o choro
Morri de medo!
De perder um querido
Morri de tédio!
Quando o remédio era o quarto
Morri de raiva!
Quando o dinheiro não chegava
Morri de horror!
Dos que plantavam ódio
Morri das lembranças!
Da vida quando criança
Morri de ânsia!
Quando via tanta ignorância
Morri de saudade!
Do conforto da amizade
Morri de coragem!
Quando escutei o poema
“sujeito de sorte”
“Tenho sangrado demais
Tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri
Mas esse ano eu não morro”
Ele (Belchior) que já morreu
Disse: a morte não vai me matar
E o vivo homem não morrerá
Na fraqueza nascerá a fortaleza
Naquele que em vida se recupera
Revive, renasce n’outro ano.
Quando a vida vence a morte
O norte encontra a alvorada.
Saia da casa ao nascer do sol
Seus pés encontrarão a estrada.
Abel