Amo-te como quem mergulha no céu e encontra o fundo do mar,
Com a pele feita de estrelas, sou a poeira que tu deixaste no vento.
As horas voam em espiral, e o relógio é uma galinha que canta ao contrário,
Enquanto o sol e a lua dançam abraçados na borda do oceano.
O teu corpo é um livro sem palavras, onde as páginas se fazem de silêncios,
Cada toque teu desenha círculos que se tornam portas para mundos invisíveis.
Dentro dos teus olhos há árvores que crescem para baixo,
Raízes que falam de mim enquanto o tempo se dissolve na tua boca.
Ouço-te, mas a tua voz é uma onda que escorre pela minha pele,
E os ecos do teu riso são espelhos que quebram a minha alma em mil pedaços,
Mesmo assim, juntos nos reconstruímos, como estrelas que se formam novamente na noite.
Sinto-te, e a tua pele é o chão onde nascem flores de prata,
As minhas mãos, agora feitas de vento, tocam a tua sombra que nunca se move.
Somos duas palavras que se perdem numa frase sem fim,
E no meio da tempestade, o silêncio é a nossa única linguagem.
Então, a cada suspiro, o mundo gira de cabeça para baixo,
E a tua ausência é como um eco que nunca chega,
Mas, mesmo assim, te amo,
Como quem ama o impossível,
Como quem é feito de sonhos que nunca param de voar.
A tua voz é um labirinto, e eu sou a aranha que tece o caminho,
Onde a razão é um farol distante que se apaga a cada passo que dou.
Nos teus olhos há tempestades que não posso tocar,
Mas nas minhas mãos, guardo a chuva que os teus ventos nunca podem levar.
Os teus passos são rios que correm para um mar que eu nunca vi,
E, no entanto, sigo os teus rastros, como se soubesse o caminho.
Somos dois pássaros que voam sem direção,
E o nosso amor é o vento que nos empurra para o infinito, sem fim, sem razão.
As palavras que não te disse formam-se em névoa ao nosso redor,
E cada silêncio entre nós é uma ponte que nos aproxima, mas também nos separa.
Somos como o horizonte, onde o sol e a lua se tocam sem nunca se encontrarem,
E em cada despedida, nasce uma nova história para contar.
E assim, continuo a amar-te, como quem ama o impossível,
Como quem é feito de sonhos, de ilusões que nunca param de voar,
Sabendo que em cada momento em que te tenho,
Sou o céu, o mar, o vento e a terra,
Tudo e nada, apenas o amor que nos une em um espaço onde o tempo não existe.
Amarilis Noturna (Pseudónimo)
Autora: Maria Helena Horta
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