LetĂ­ciaaaa

Meu mais amado (des)conhecido

Hoje eu vi um desconhecido.
Mas eu sabia qual roupa ele gosta de vestir
Ou das piadas que faz ele rir.

Ele estava de fone,
E mesmo sem ele mostrar nada,
E eu sabia qual a música que tocava.

Sabia sua cor favorita,
E lembrei, de todas as suas palavras que não precisaram ser ditas.
Sabia que seus olhos mudam de cor com seu humor,
Que ficavam claros sempre que o chamava de amor.
Eu sabia, de onde ele estava voltando,
E onde ele trabalha
E meu coração ardeu em dor:
Como fogo em palha.

Pensei em te chamar, te cumprimentar:
Dizer um \'\'oi\'\' um \'\'olá\'\'.
Foi quando eu percebi, que eu encontrei o seu olhar.
Mesmo por alguns segundos pude perceber,
Aqueles olhos me encaravam, mas eles não eram você.

De repente, todas as nossas memórias juntos veio em minha mente,
Rápido e sem aviso, como uma enchente:
Seu humor esquisito,
O nosso propósito,
Seu apelido carinhoso: bicudinho,
E como só eu podia mexer, naqueles seus cachinhos.
Sua risada escandalosa,
Seu hiperfoco na bíblia,
Seu medo de se magoar,
E todas as suas anomalias.

Mesmo assim, eu senti amor.
Seria possível amar um desconhecido?
Acho que não, isso só causa dor.
(Ainda assim, não me arrependo de tê-lo conhecido)
Mas, por ser um desconhecido, não existe rancor,
Mas não pude evitar, de sentir um amargor.

Desviei o meu olhar, e decidi nada falar.
É melhor assim,
É estranho, um desconhecido cumprimentar.

Letícia Marques.

10\\10\\2024