Demorei porque precisei aprender a te olhar sem pressa.
Você não é superfície,
não é um lugar onde se chega.
Você é um labirinto que exige paciência,
um mistério que precisa de silêncio para ser ouvido.
E eu não queria só o prazer de um beijo,
o fogo que consome e deixa cinzas.
Não, eu queria o que arde por dentro,
o que queima sem ser visto.
Queria entrar na tua solidão,
essa que você guarda como um segredo antigo,
e senti-la como se fosse minha.
Entenda:
não é que eu tenha medo de você,
mas do que encontro em mim quando te descubro.
Porque ao te tocar,
eu toco algo maior,
algo que não tem nome.
Não é loucura. Ou talvez seja.
Mas existe algo mais sensato do que desejar o impossível?
Eu quis beijar seu coração,
porque a boca, ah, a boca é fácil.
Mas o coração?
Esse exige coragem,
exige perder-se e não querer ser encontrado.
E agora estou aqui,
me declarando,
não porque estou pronta,
mas porque já não sei como viver sem sentir você.