BOÊMIO
Sim... Sim... Sim...
Lá estava ele, redimindo,
Perdido na noite vadia,
Entre o tilintar dos copos
E as notas roucas de um samba-canção.
Com um largo sorriso,
Passos vacilantes,
Rodopia entre os zumbidos do vento.
Ao longe, piscam as luzes da currutela,
Um chamado distante,
Ou talvez só mais um pequeno delírio?
A noite é cúmplice,
Confidente das dores dissolvidas em álcool,
Das promessas sussurradas ao acaso,
E das risadas que escapam
Como preces profanas.
E mesmo sabendo que a aurora virá,
Naquele momento, entre o pecado e o perdão,
Ele é só um homem,
Entre o sacramento e a penitência,
Desafiando a vida
Com mais uma dose em um copo sujo
E a coragem embriagada
De quem ainda acredit
a no amor que dói.
C.Araujo