Divaldo Ferreira Souto Filho

Casa pura

Ah! O mundo é tão grande

Reina soberano o infante globo

Beira o irreal o viajante

Pena que o normal seja tão bobo

 

Como é bom viajar mais que o mundo

E imaginar outra existência

Vagar o que ainda não tá imundo

Quem sabe encontro por aí a decência

 

Neste mundo, onde anda o gigante?

Um livro se constrói com páginas

De amor, respira o eterno amante

De rancor, gira no globo as lágrimas

 

Bate profundo a liberdade

Das asas de um pássaro preso

Corre o sangue da realidade

Nas veias do crime ileso

 

É pena que, em vão, a gritaria

Não transpassa o sorriso maquiado

A cena que transpira o dia-a-dia

Mistura o pão com leite derramado

 

Há tantos aplausos na mentira

Que ela se sente a estrela que brilha

A luz fixa que a face da retina não vira

Cega a placa de contramão da trilha

 

Um amor é para se viver

Diz o ditado do coração

Vamos, ao giro, proteger

Ser no mundo, mais emoção

 

Ah! Que mundo tão grande

Grato à sua arquitetura

Habita-o qualquer viajante

Que queira alicerçar a casa pura