Melancolia...

A Última Carta ao Ano Velho.(Happy Down)

Estamos na borda do abismo, o fim se aproxima,
O ano, o mundo, tudo ressoa um adeus abafado.
Partículas de sonhos se quebram no ar,
como vidro fino, refletindo um sol que não aquece.
O destino é um fio emaranhado de poeira e silêncio,
um museu de memórias apagadas,
chaves enferrujadas trancam portas que ninguém ousa abrir.

Estamos no precipício do tempo, no limiar do esquecimento,
Onde máscaras escorrem dos rostos
em risos vazios, abraços sem calor.
Gestos mecânicos, consciências manchadas,
Carregam restos de vida para horizontes que nunca amanhecem.
Contamos os segundos, 3, 2, 1...
(Sons de explosões que ecoam na alma).

Estamos à beira do colapso, do fim do hoje,
Mãos sujas apertam relíquias de nada,
Olhos molhados enxergam futuros desfeitos,
Tentativas de resgatar o impossível,
Enquanto o sino da meia-noite permanece mudo.
Expectativas repousam em dias que não nasceram,
E o “amanhã” é só mais uma mentira que contamos ao agora.

Estamos imóveis, como sombras de nós mesmos,
O fim é um ciclo que insiste em recomeçar,
Um começo sem forma, sentado numa cadeira de balanço,
Rangendo sob o peso de esperanças frágeis.
Felicidades falsas batem à porta,
Mas a única verdade é o vazio do hoje,
E a certeza de que o nascer do sol traz mais trevas.

Eu estou aqui, no limite entre o nada e o nunca,
Esperando o fim que já chegou.
O tempo escorre, ponteiros esmagam promessas,
E o coração bate com falhas, hesitante,
Enquanto o ano velho morre e renasce para morrer outra vez.
Seguimos o mesmo trajeto, no mesmo fio,
3, 2, 1 – o eco da existência persiste.
(Sons de batidas finais, arrítmicas, quebradas).

O tempo é um carrasco que nunca para...
E tudo continua, a mesma tristeza,
disfarçada de novas cores que já desbotaram.

31 dez 2024 (10:13)