Olivia Miranda

Ainda sou poesia

Ainda sou poesia 

porque o pensamento não cala, 

porque grita tão alto 

que me ensurdece.

 

Porque pergunto tanto

e duvido demais,

porque o moderado

sempre me é insuficiente.

 

Porque ainda que no inverno,

sou chama,

porque mesmo no raso,

me afogo.

 

Porque sempre choro

por muito pouco

e porque amo

por muito menos.

 

Porque recito poesia

na minha própria língua.

Porque danço a canção

do meu próprio (uni)verso.