Metamorfose

Entre o Querer e o Vazio

Queria parar e me calar,

deixar o mundo girar sem meu pesar.

Ser apática ao tempo, ao vento, ao tudo,

um silêncio profundo, um coração mudo.

 

De que vale a sensibilidade à flor?

Se o toque do mundo só traz mais dor?

Queria sentir sem o peso das correntes,

ser livre, por um instante, de correntes latentes.

 

Sentir sem culpa, sem medo, sem pressa,

como a lua que brilha e nunca regressa.

Mas o querer é tão vasto e tão vão,

me vejo de mãos vazias, sem chão.

 

Queria muito, mas tenho tão pouco,

um sonho apagado, um lume tão rouco.

Talvez, no vazio, encontre o sentido,

ou na apatia, o que nunca foi vivido.