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Parasita

Dor não é escolha, é presença.
Não passa temporadas, habita.
Parasita obrigatório que é
Existe apenas quando interna ao ser vivo.
Não posso escolher.
Habitada em mim escolhe quando transbordar,
Quando corroer minhas entranhas e minha voz.
Essa dor não vive na carne e não mora na emoção,
Essa dor é humana.
Praticante de fagocitose, alimenta-se de todas.
É a dor que permite a negação de humanidade,
O nojo e desprezo pelo que se é,
A mutilação que pretende despelar a sociedade do ser.
É a dor do oprimido,
Do corrompido,
Do ignorante.
É a dor que nega a própria dor,
É a falência da humanidade humana,
É o desprezo pela vida.
Mas não sofre desse bem toda população.
Não tateia a crueldade,
Não escuta o dissabor,
Não lambe o ferro interior,
Não percorre o sal que escorre.
Enxerga, porém, círculos e caixas,
Etiquetas e dogmas.
Lhes falta dor.
Lhes falta amor.