Joana de Clarice

Não quero dar nome

Eu não sei por onde começar 
Algo comum em minha vida
Disso você sabe
Quando não sei o que falar, me calo 
Meu Deus, como sou insistente!
Já disse tantas vezes que não te escreveria mais
Mas resolvi me despedir não com o ódio e o desespero 
E sim com todo o afeto que as palavras pode levar
Como se colocasse meus sentimentos num rio e deixasse a água levar
Fluir 

Eu queria que em algum mundo qualquer 
O seu olhar de amor, aquele que faz os olhos brilharem
Fosse meu
Queria que quisesse como te quero
Que todos os pelos, poros e polos me buscasse 
Se tocasse com os meus
Colidindo e não soltando mais
Faz tanto tempo que todo amor que sinto se derrama em você 
Talvez só quisesse que esse oceano também fosse seu também 

Você já foi a palpitação do meu peito
Me senti tão viva em sua presença 
Era como se cada batida libertasse dezenas de borboletas em meu estômago 
Hoje você é um suspiro preso na garganta 
Que escapa às vezes com o barulho de todo o pesar que sinto 
Olho com firmeza para o futuro, você virou um fantasma 
Rezo para que vire uma lembrança de juventude 

Se pudesse te dizer, será que ainda ia querer saber?
Que às vezes quero te escrever e dizer que não consigo te esquecer 
Que penso em você mais do que deveria 
E do que confesso em voz alta
Você foi a pessoa que mais quis 
Você me desmoronava e a tudo acreditava ao meu redor
Essa certeza não vai mudar por algum tempo 
E se estabeleci tanta distância 
É por que cada vez que chego perto, penso: será que dessa vez pode dar certo?
Uma pena não ser essa pessoa para você, por que você era para mim.